Preservativo masculino (camisinha, condom)
A camisinha, ou preservativo masculino, é um envoltório para o pênis, que sempre teve seu uso muito difundido. É constituído de uma fina membrana, em forma de saco, geralmente de borracha (látex), que é colocado sobre o pênis ereto, antes do coito. Alguns preservativos são lubrificados com silicone ou lubrificantes à base de água, e outros são revestidos com espermicidas. Podem ser encontrados em grande variedade de tamanhos, formas, cores e texturas.
O condom masculino de plástico (poliuretano), ainda pouco disponível no Brasil, tem sido bastante estudado, é mais fino, mais forte, mais resistente à luz e ao calor que o látex. Parece permitir maior sensibilidade durante o ato sexual e pode ser usado com lubrificantes à base de óleo.
No passado, o preservativo masculino foi idealizado com linho e tinha o objetivo único de prevenir algumas DSTs (século XVI). Somente no século XVIII sua ênfase foi na anticoncepção, conceito que durou até a década de 80. Coincidindo com o início da pandemia da AIDS e com a disponibilidade de diversos outros métodos mais eficazes, o preservativo masculino voltou a ter um papel preventivo na transmissão de vários os agentes causadores das DSTs, em especial na transmissão do HIV (vírus da imunodeficiência humana).
Ao longo dos séculos, foi confeccionado com diferentes modelos e tipos de material. Além do linho utilizado pelos egípcios para confeccionar os condoms, outros tipos de matéria-prima foram utilizadas, como membrana de intestino de carneiro ou ovelha pelos romanos, borracha vulcanizada (1840), borracha natural – látex (1930) e plástico (polímeros) – poliuretano (1994).
Podem ser:
• naturais:
– preservativos de látex (borracha vegetal): os modelos de látex são os mais utilizados e representam quase a totalidade dos preservativos existentes no mercado. Podem ser lubrificados com silicone, glicerina, gel à base de água ou espermaticida em creme ou gel, mas não com substâncias à base de óleo, como derivados do petróleo, óleo mineral ou vegetal, como a vaselina, pois podem enfraquecer o látex.
– preservativos de membrana intestinal (animal): os de membrana animal são pouco utilizados e, apesar de oferecer conforto, não são recomendados, pois protegem apenas contra a gravidez. Estes apresentam porosidades inseguras para prevenir DST, permitindo a passagem dos vírus HIV 1, da hepatite B e do herpes simples (os preservativos de látex ou de plástico têm uma permeabilidade extremamente baixa, o que confere alta segurança pelo bloqueio da passagem do espermatozoide e de vários microorganismos).
• sintéticos:
– preservativos de plástico: os novos preservativos de plástico (sem látex), alguns ainda em fase de estudo, têm aproximadamente a mesma espessura que os preservativos de látex, são menos apertados, dando uma maior sensibilidade, não são danificados por lubrificantes à base de óleo e não causam reações alérgicas. Existem alguns tipos, como o de poliuretano e à base de estireno, que já foram aprovados pelo FDA, e que apresentam uma desvantagem em relação aos de látex – o alto custo.
Atualmente existe no mercado uma grande variedade de preservativos masculinos, de acordo com o formato, tamanho e cores. Podem ser lisos ou texturizados, aromatizados, conter lubrificantes, espermicidas ou anestésicos locais (benzocaína).
Apresentam-se com espessuras, dimensões e formatos variáveis. A despeito da escolha da marca ou modelo, o mais importante é: orientar o paciente a adotar algumas medidas de segurança no momento da compra do produto, como verificar a integridade da embalagem, o prazo de validade e, no Brasil, a presença do selo de aprovação da Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
A escolha do tamanho e espessura adequados tambem são itens importantes não só para eficácia como também para o conforto. Em geral os preservativos de látex medem 180 mm de comprimento por 52 mm de largura e atendem a necessidade da maioria da população masculina brasileira.
Manejo do preservativo masculino
O uso do preservativo é recomendado em todas as relações sexuais.
Cuidados requeridos ao se utilizar a camisinha
O uso da camisinha requer alguns cuidados que, embora pareçam óbvios, nem sempre são respeitados, causando falhas. Tais cuidados incluem:
– ser de boa qualidade;
– estar íntegro;
– abrir corretamente o invólucro, sem comprometer a integridade do condom;
– colocá-lo sempre antes de qualquer penetração, com o pênis em ereção, tendo-se o cuidado de retirar o ar da pequena bolsa que existe na sua extremidade fechada, destinada a deposição do esperma ejaculado;
– evitar manobras que possam causar ruptura;
– retirar o pênis da vagina ainda com boa ereção, evitando, assim, a ocorrência de extravasamentos de esperma;
– usar apenas uma vez e descartá-lo.
Instruções para o uso da camisinha
1. usar um preservativo novo a cada ato sexual.
2. avaliar a embalagem e não a utilizar em caso de dano. Evitar o uso fora da data de validade. Ao abrir a embalagem não usar objetos pontiagudos, unhas, dentes ou qualquer objeto que possa danificar o preservativo. Abrir a embalagem no local indicado.
3. segurar o condom de forma que a borda enrolada fique de face para cima, em oposição ao pênis.
4. se o pênis não for circuncidado, retrair o prepúcio.
5. para maior proteção, colocar o condom antes que haja qualquer contato do pênis com as regiões oral, anal ou genital.
6. antes de qualquer contato físico colocar o condom na ponta do pênis ereto, evitando que o ar entre no extremo distal. O condom deve desenrolar facilmente. Se isso não acontecer, é provável que esteja do lado contrário. Deve-se virá-lo e tentar de novo. Se o uso do condom for utilizado para prevenir alguma DST, descartar o condom que estava do lado contrário e usar um outro.
7. desenrolar o preservativo até a base do pênis ereto.
8. qualquer lubrificante à base de água pode ser usado. A lubrificação evita que o preservativo estoure. Sugerem-se três formas de atingir esse objetivo: secreções vaginais naturais, adição de lubrificantes ou preservativos que já o contenham. Alguns lubrificantes de glicerina ou silicone, que são seguros para uso conjunto com preservativos são disponíveis. Água e saliva também podem ser usadas como lubrificantes. Os lubrificantes devem ser aplicados na área externa do preservativo, vagina ou ânus. Não devem ser utilizados sobre o pênis, pois podem facilitar o deslocamento do preservativo. Uma ou duas gotas do lubrificante na região interna do preservativo podem aumentar a sensação, entretanto, deve ser lembrado que muita quantidade facilita o seu deslocamento. Produtos derivados de óleo não devem ser usados com preservativos de látex. Esses materiais incluem quaisquer óleos (de cozinha, de bebê, mineral ou de coco), derivados de petróleo, loções, cremes, manteiga, margarida, etc.
9. imediatamente após a ejaculação, segurar o anel do condom contra a base do pênis para que o condom não deslize; retirar o pênis da vagina da mulher antes de perder completamente a ereção sem derramar sêmen no orifício vaginal.
10. jogar fora o condom, em um recipiente adequado (lixeira). Não usar o condom mais de uma vez.
Eficácia do preservativo masculino
A taxa de falha varia de 3% a 14% no primeiro ano (3 a 14 gestações por 100 mulheres/ano). Esta variação ocorre pelas diferenças entre o uso “perfeito”, em que a falha prática não ocorre e o uso “típico”, sujeito a estas falhas.
Estes índices mais altos estão relacionados em grande parte pela incorreta utilização pelo usuário e em menor parte pela resistência e tipo do material utilizado.
Os preservativos masculinos de plástico (Avanti, Tactylon, Trojan e Ezzon), de um modo geral, parecem ter uma taxa de falha por rotura discretamente maior (5%) que os de látex (2,6%). Entretanto, não necessariamente ocorre diferença nas taxas de gestações. É um método seguro, com mais aceitabilidade e mais conforto do que o preservativo de látex. Além disso, são hipoalergênicos e resistentes ao calor.
A lubrificação peniana externa ou vaginal, aplicada somente após a colocação da camisinha, não interfere na eficácia do método. Os lubrificantes recomendados para os preservativos de látex são os à base de água, glicerina ou silicone. Já os oleosos, como a vaselina, devem ser evitados, podendo ser utilizados apenas para os preservativos de plástico.
Fatores de risco para ruptura ou deslizamento
Vários fatores podem contribuir para as rupturas acidentais ou deslizamentos, interferindo na eficácia do método. Os tipos de falhas padronizadas dos preservativos masculinos são os “deslizamentos” (slippage), completos ou parciais, e as “rupturas” (breakage), clínicas e não clinicas.
• Más condições de armazenamento
• Embalagem danificada.
• Danificar o preservativo com o manuseio pelas unhas ou anéis.
• Não observação do prazo de validade.
• Lubrificação vaginal insuficiente.
• Sexo anal sem lubrificação adequada.
• Uso de lubrificantes oleosos nos preservativos de látex.
• Presença de ar e/ou ausência de espaço para recolher o esperma na extremidade do preservativo.
• Tamanho inadequado do preservativo em relação ao pênis.
• Perda de ereção durante o ato sexual.
• Retirar o pênis da vagina sem que se segure a base do preservativo.
• Não retirar o pênis imediatamente após a ejaculação.
• Uso de dois preservativos.
Indicações do preservativo masculino
• Para todos os homens durante o coito, com o objetivo de prevenir a transmissão e o contágio das DST, exceto para os casais que estejam tentando engravidar.
• Para todos os homens que não desejam engravidar suas parceiras.
• Durante o aleitamento nos seis primeiros meses, como contraceptivo.
• Associado a outros métodos para aumentar a eficácia contraceptiva, não devendo ser utilizado simultaneamente ao preservativo feminino.
• Alternativa contraceptiva para os pacientes que não têm indicação do uso dos métodos irreversíveis e para as pacientes que apresentam contraindicação para os métodos hormonais e intrauterinos.
• Em coitos esporádicos com finalidade preventiva da gravidez e DST.
Contraindicações do preservativo masculino
• Alergia ao látex ou poliuretano.
• Dificuldade na manutenção da ereção.
Vantagens do preservativo masculino
• Ausência de efeitos sistêmicos.
• Praticidade na colocação e uso. Não requer manutenção diária.
• Baixo custo. No Brasil, a venda do preservativo masculino é a um preço baixo, além da distribuição gratuita de forma sistemática desde 1994. Em 2009, foram enviadas 460 milhões de unidades para todo o país. O Disque Saúde 0800-61-1997, ligação gratuita, presta informações sobre os locais de acesso a esta distribuição.
• Fácil acesso. Não depende de prescrição médica. Encontra-se à venda em todas as farmácias e em diversos locais. São distribuídas gratuitamente em vários postos do SUS (Sistema Único de Saúde).
• Proteção comprovada contra várias DSTs (infecção por chlamydia, gonorrhoea, herpes simples tipo 2, sífilis, trichomoníase e hepatite B) inclusive a AIDS e, por conseguinte, as complicações advindas delas.
• Diminuição na taxa de regressão das neoplasias intraepiteliais cervicais e lesões penianas por HPV. Apesar disso, ainda não se pode afirmar que o preservativo reduz o risco de contaminação pelo HPV.
• Incidência pequena de efeitos colaterais, como alergia ao látex, desconforto e diminuição da sensibilidade peniana. Estima-se que menos de 3% da população geral seja alérgica ao látex.
Desvantagens do preservativo masculino
• Falha contraceptiva: rotura ou deslizamento, ambas por uso inadequado.
• Pode diminuir a sensibilidade peniana e retardar a ejaculação, o que, para os pacientes com ejaculação precoce, pode ser uma vantagem.
• Desconforto pela compressão, que é maior com os preservativos de látex.
• Reação alérgica ao látex. Neste caso, devem-se experimentar os preservativos sintéticos de plástico que são hipoalergênicos.
• Irritação vaginal por atrito na fricção quando se usa preservativo não lubrificado.
Quer saber como são produzidas as camisinhas?
Assista o vídeo abaixo, do Ministério da Saúde.
Fontes:
• Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)
• Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH)
• Marcelo Meirelles
– Médico Pediatra
– Especialista em Hebiatria (Medicina do Adolescente)